O encontro de dois amigos, Alice e Pedro... Alice estava a chorar e então Pedro lhe pergunta:
- O que houve? Porque choras?
- Não me questione! Apenas me abrace em silêncio e então quando eu me sentir aquecida com tua compreensão; quero que me responda uma pergunta... Eu posso contar com você?
- Como ousa? Respondo-lhe que não deves contar comigo especialmente hoje... Mas sim em todos os outros... Pois fiz uma transfusão de local onde guardo nossa amizade. Há tempos a guardava no coração, mas como descobri uma grave doença terminante neste órgão, resolvi transportar nossa amizade para a alma; pois lá ainda que sete palmos de terra nos separem, a minha alma estará viva. Enquanto ouvires o som dos pássaros, lembrará as canções que desafinado ousava cantar para lhe sorrir... Enquanto sentir o sopro do vento lembrará-se de quando pra provocar-te assoprava seus cabelos, afim de lhe causar calafrios... Quando ver a queda das folhas desgarrando-se das arvores entenderá que em certos momentos é necessário ausentar-se para numa extensão maior saber apreciar cada centímetro de proximidade...
- Pare! Não vês que desespera-me com este ar de despedida? Esta me fazendo cair em maior pranto. Imploro que pare!!
- Cale-se. Me abrace e em silêncio teste as sensações para garantir que funcionem.... Observe sua lagrima e não force outras... Quando ausente eu estiver e em sua face rolar lagrimas de saudade olhe ao horizonte e então quando a ultima gota secar, será o momento do encontro de nossas almas, a minha irá acariciar a sua até acalma - lá... Mostrando-te que após a chuva molhar as sementes das plantas para que brotem não inundá-las... Deve abrir espaço para que o sol volte a brilhar e iluminar a proeza da primavera...
Quando no silêncio ao cair da noite estiver em seus aposentos quase cedendo ao sono, fizer a retrospectiva do dia e começar suas orações afim de que Deus realize seus planos... Quando tudo isso for levado de ti, pela distração do sono e você estiver num estado metade dormindo, metade lutando para estender mais uns minutos a proza com o pai... Estarei presente para garantir que os anjos companheiros não cochilem antes de ti...
- Pare com isso Pedro, não percebes que é tortura? Não quero pensar nisso e dessa forma sofrer por antecipação... Deixe estar!
- Lembra-te de minha tentativa sem sucesso de ensinar-lhe a entender futebol? E em todas as vezes que tentei no ato saber o motivo de suas lagrimas? E quando tentei lhe explicar que o imbecil por quem estava apaixonada era de fato um idiota?
[Silencio e Lagrimas]
- Quando tentou ensinar-me entender futebol disse-me que seria impossível... Quando jurava a mim mesma que não deixaria que percebesse minha tristeza, nunca deu certo, eu dizia-te que não diria o porquê chorava... E mais tarde então você proferia: “O que o imbecil aprontou dessa vez?” Incrível cheguei a pensar que você pudesse ser sensitivo. Você sempre estava com a razão, embora por vezes eu odiasse ter eu admitir isso.
- Minha pequena Alice como cresceu... Não no tamanho, mais sim em seu interior, evoluiu como ser humano e isso me orgulha imensamente... Quando por vezes discutíamos notei o quanto lutava para defender sua opinião, isso foi imprescindível para se tornar determinada. O sofrimento serviu para torna-lhe forte. – Ela então o interrompe.
-Você serviu para me ensinar que amizade verdadeira existe... E como prosseguirei quando não mais estiveres a meu lado para ensinar-me a viver?
- Minha cara, não importa o que aconteça, a vida sempre lhe dará escolhas, seu instinto a levará à estrada correta... Deus sempre nos dá uma segunda chance...
- Mas tenho medo...
- Não temas! Estarei contigo, te amarei eternamente, e nossa amizade vencerá a barreira entre a vida e a morte...
Essa conversa se passou num leito de hospital... Enquanto dois jovens amigos eram impedidos de sentir a brisa do vento por uma janela. Eles conversavam numa espécie de despedida; o tempo inteiro de mãos dadas.
Alice tinha leucemia e lutava contra a morte para garantir que Pedro não sofreria com sua ida... Eles inverteram os papeis e um se colocou no lugar do outro... Conversavam e repetiam incessantemente o quão linda era aquela muralha construída... Quando Alice deu seu ultimo suspiro, Pedro segurando sua mão lhe sussurrou ao pé do ouvido:
- Eu não disse que você não sentiria dor quando eu me fosse? Agora que “pegou no sono” irei plantar um jardim de rosas brancas e te presentear cada manhã... Quanto a doença no meu coração não tem cura, sem seus abraços ele baterá com menos precisão... Lembra que disse que enquanto houvesse raios solares a amizade correria em minhas veias sanguíneas? Então sinto a necessidade de dar-lhe o ultimo beijo pessoalmente, pois a partir de agora apenas beijarei tua fotografia...
Sei que mesmo seu coração não batendo, sua alma pura virá como mágica abraçar a minha...
Continuarei regando o plantio de flores assim a muralha sempre mais linda se firmará em meu peito... Olha só, uma lágrima, guardarei as outras para quando não chover assim não faltará água para que o jardim dure para toda eternidade. Agora peço que não tenhas medo, darei licença para que alguns homens vestidos de branco cuidem de você!
Não se preocupe! Tratarei de encontrar-te sempre através de meus sonhos, prometo não demorar.
(R.C.V)
